terça-feira, 28 de setembro de 2010

Gato ao crepúsculo






Gato ao crepúsculo

Poeminha de louvor ao pior inimigo do cão

Gato manso, branco,
Vadia pela casa,
Sensual, silencioso, sem função.

Gato raro, amarelado,
Feroz se o irritam,
Suficiente na caça à alimentação.

Gato preto, pressago,
Surgindo inesperado
Das esquinas da superstição.

Cai o sol sobre o mar.

E nas sombras de mais uma noite,
Enquanto no céu os aviões
Acendem experimentalmente suas luzes verde-vermelho-verde,
Terminam as diferenças raciais.

Da janela da tarde olho os banhistas tardos
Enquanto, junto ao muro do quintal,
Os gatos todos vão ficando pardos.

Millôr Fernandes



O Mar



É quando se olha pro mar que se percebe como somos pequenos...
É quando se olha pro mar que se percebe como perdemos tempo com bobagens...
É quando se olha pro mar que se percebe como há tanto ainda pra ver...
É quando se olha pro mar que se percebe como há tanto ainda pra sentir...
É quando se olha pro mar que se percebe como há tanto ainda pra aprender...

E é olhando pro mar que se descobre o poder do verbo "a-mar"...